Caso FIB Bank - Parte 1

Notícias 25 de Set de 2021 EN ES

O diretor-presidente da FIB Bank, Roberto Pereira Ramos, negou ter relações comerciais com Marcos Tolentino, apontado como "dono oculto" da empresa, durante seu depoimento a CPI e com o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano. A FIB Bank foi usada pela Precisa como fiadora no contrato do Ministério da Saúde para compra da vacina indiana Covaxin.

O depoimento expôs supostas fraudes na FIB Bank. Duas pessoas apontadas como sócias da empresa acionaram a Justiça alegando nunca terem participado da organização. Além disso, dois sócios de outra empresa, a MB Guassu, que teria participação na FIB Bank, estão mortos.

Um dos supostos criadores da FIB Bank, Geraldo Rodrigues Machado, encaminhou áudios para a CPI afirmando ter sido vítima de fraude. Machado relatou que descobriu que seu nome foi usado para compor a sociedade da empresa quando teve o crédito negado na hora que tentou financiar uma motocicleta. "Falsificaram minhas assinaturas vistas em alguns documentos e meu nome constava como um sócio ativo", disse Machado, morador de Pão de Açúcar (AL), conhecido como "Geraldão".

Em meio a todo esse cenário de corrupção, nós fizemos uma ação no site da FIB BANK (https://etersec.org/pt-br/opfibbank/) e pegamos todas as Cartas de Garantias. Afim de trazer a verdade para o público iniciamos uma investigação em base dos documentos obtidos. Para facilitar essa sequência, criamos essa máteria que será dividida em partes organizando as análises e pequisas já feitas.

Estamos no começo da análise dos mais de 450 documentos que pegamos emprestados no site da FIB Bank e já achamos uns nomes e ligações curiosas, veja na imagem abaixo:

Marcos Tolentino é um corrupto condenado que não foi preso. Segue a analise abaixo:

A Operação Ararath foi uma operação deflagrada em 2013. Ela foi praticamente uma Lava Jato mato-grossense. Envolveu a condenação de vários políticos e empresários por corrupção e lavagem de dinheiro. Ela ainda está em andamento e já recuperou pelo menos um BILHÃO e meio de reais. Às vezes é normal a gente perder a noção da diferença entre um milhão e um bilhão. Um milhão de segundos é igual a onze dias. Um bilhão de segundos são 31 ANOS. Essa é a quantidade de dinheiro desviada nessa bagunça.

As denúncias envolveram um escritório de advocacia intermediando recebimento de propinas, grana suja sendo lavada e até compra de cargos em um tribunal de contas. Nessa brincadeira rodaram deputados, um ex-governador e até um banco. (https://olivre.com.br/ex-gerente-do-bic-banco-faz-delacao-e-entrega-esquema-da-ararath) Tinha também um envolvimento com o  BICBANCO. Um esquema onde se usava uma carta precatória, trocava por dinheiro em um empréstimo fraudulento e o dinheiro ia para os políticos financiarem campanha. Quem pegou o empréstimo recebia obras para fazer pelo governo.

Até aqui temos cartas precatórias frias, um escritório de advogados picaretas, operações financeiras simuladas e dinheiro sendo distribuído para lavagem de dinheiro. Isso te lembra de algo que está acontecendo agora? E qual a ligação entre a Ararath e Tolentino?  Tolentino foi INVESTIGADO por lavagem de dinheiro na Ararath, através de três empresas suas: A Rede Brasil, a PAZ administradora e a Benetti Prestadora de Serviços. Ele recebeu em torno de 3 milhões de reais em uma negociação que envolveu uma indicação para o Tribunal de Contas. Em vez de ser preso, ele devolveu o dinheiro para se tornar "colaborador" das investigações. (https://www.rdnews.com.br/legislativo/alvo-da-cpi-da-covid-fez-delacao-premiada-em-mt-e-devolveu-r-3-milhoes-ao-erario/149078)

Como é possível alguém ser preso por anos por portar um Pinho Sol na mochila como se fosse um artefato explosivo, enquanto um rico devolve os três milhões de Reais que ROUBOU e além de sair impune ainda replica o modelo pelo qual foi preso? Existe justiça no Brasil?

Vamos falar de alguém que pode ser uma peça chave para encontrarmos todas as empresas das quais Tolentino é sócio oculto: um advogado.

Tolentino é advogado tributarista, dono de emissoras de TV ligadas à Igreja Universal, sócio de Celso Russomanno e corrupto confesso, pego na Operação Ararath negociando uma vaga no TCU por milhões de reais, como contamos nesse fio. Tolentino é também sócio oculto de diversas empresas, algumas no nome de parentes, outras em nome de laranjas completos. Uma dessas empresas é a Rede Brasil ABC de comunicações, posteriormente chamada de Paparazzi Comunicações: tvpaparazzi.com.br/v2/

Ela foi investigada na Ararath junto a outras empresas de Tolentino. Porém, numa manobra de relações-públicas e aproveitando do fato da empresa estar no nome de laranjas, a Rede Brasil emitiu um comunicado alegando que se tratava de uma coincidência de nomes:

E então chegamos no nome do advogado que defendeu a Paparazzi em diversos processos: Luiz Carlos de Andrade Lopes.

Sabe de quem mais ele é advogado? Do próprio Tolentino, em mais de uma ocasião. Também é advogado da Rede Brasil - que diz não ter nenhuma ligação com a Paparazzi.

Sabe de quem mais ele é advogado? De quase metade de todas as empresas para as quais o FIB Bank já emitiu cartas de garantias. A Guaçu Papéis é um exemplo, entre dezenas:

Uma dessas empresas, inclusive é a Premium Bebidas, dona da Cerveja Proibida. Ela foi pega na Operação Happy Hour sonegando 100 milhões de reais. Quem emitiu as cartas para a devolução desses valores foi o FIB Bank. Lopes se encarregou dos processos jurídicos. Ninguém foi preso.

Em pelo menos 90% das cartas que analisamos, as empresas para as quais o FIB Bank emitiu garantias têm ligação direta com Tolentino e com o advogado Luiz Carlos de Andrade Lopes. Não há dúvidas de que Tolentino abriu uma nova central de corrupção para os seus negócios sujos. Esperamos que os Senadores questionem qual a ligação de Tolentino com Luiz Carlos de Andrade Lopes.

Um Pastor, um corrupto confesso dono de TV, um deputado bolsonarista e o Ministro das Comunicações entram em um bar. Poderia ser piada, mas é mais uma maracutaia do dono do FIB Bank. Segue o fio (enorme):

Nós falamos neste fio que Tolentino é o dono da Rede Brasil de Televisão, e de todo o seu envolvimento com a Operação Ararath. Os eventos que narramos terminam em um Press Release mentiroso emitido em 2016. Nós precisamos começar esta análise lembrando que a RBT funciona como uma concessão pública, tomando um espaço exclusivo e limitado entre os canais possíveis de serem utilizados em uma determinada localidade do Brasil. É impossível resolver a utilização deste tipo de recurso intangível sem uma organização de algum órgão. Concorrência não funciona para decidir quem terá o direito de operar em uma dessas frequências.

No nosso caso, temos o Estado. Em uma sociedade ideal, teríamos uma Assembleia. Tolentino recebe, portanto, uma concessão de recurso público para produzir conteúdo para a população e viabilizar comercialmente através de anunciantes. Mas existe um negócio que paga muito melhor: alugar parte da programação para igrejas evangélicas.  ( https://vejasp.abril.com.br/blog/terraco-paulistano/edir-macedo-perto-de-conseguir-mais-oito-horas-na-tv-aberta/)

Tolentino tem amizade há pelo menos 35 anos com o deputado Russomanno. Foram sócios em mais de uma empresa, incluindo um helicóptero com o qual Russomanno fez campanha em 2014. Tolentino doou 12,5 mil em combustível para a campanha do amigo. ( https://www.pressreader.com/brazil/folha-de-s-paulo/20160503/page/10)

Russomanno também foi membro do conselho administrativo da RBT, e sócio de Tolentino na Rede Brasil Leme Rádio. Essa rádio foi assunto nas eleições por estar irregular com documentação exigida pelo ministério das comunicações. ( https://glamurama.uol.com.br/emissora-de-tv-de-socio-de-celso-russomano-tem-intervencao-judicial/)

Russomanno é ligado à Igreja Universal, e mais de uma vez já foi referido como sendo cotado a ser o "candidato da IURD": ( https://bsbcapital.com.br/celso-russomano-sera-o-vice-de-alckmin/)

Em 2018, Tolentino arrenda a maior parte da programação da TV para a Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus, de Agenor Duque, um desgarrado da IURD que fundou sua própria denominação e já foi alvo de matérias que o acusavam de charlatanismo. Entre 2018 e 2020 o FIB Bank emite 16 cartas, totalizando mais de 6 milhões de Reais. Uma delas foi emitida tendo como beneficiário a "PLENITUDE FOMENTO COMERCIAL"... As empresas de Fomento compram dívidas e pagam à vista para empresas que receberiam a prazo em troca de uma taxa.

No início de 2021, a RBT se despediu de seu canal em São Paulo e o alugou de vez para a IURD, que já é dona da Record. Transferiu sua programação para uma estação de São Caetano, que antes agia como retransmissora. Essa por sua vez é em parte arrendada para a Igreja Mundial. A Igreja Mundial do Poder de Deus, de Valdemiro Santiago, também tem suas cartinhas do FIB Bank. São duas cartas, uma em 2017 de 16 milhões e outra em 2019 de 23,5 milhões. Ambas têm o mesmo beneficiário: uma empresa chamada "SM Comunicações".

Um detalhe curioso: muito se especulou a respeito de uma ligação entre Tolentino e o deputado bolsonarista Eduardo Barros. Tudo indica que Barros é a cabeça por trás das apresentações e facilidades, ligando as empresas fraudulentas e o Ministério da Saúde no escândalo da Covaxin. Alguns portais especularam a respeito de uma reunião de Tolentino e Barros no Ministério das Comunicações em janeiro de 2021. Os portais de Notpícias focaram nos anúncios feitos pelo governo na RBT.

Barros e Tolentino, no entanto, afirmaram que não tiveram contato com a SECOM, o órgão que realiza os anúncios. Para nós, o assunto realmente não tem a ver com anúncios, mas sim com um Projeto de Lei que passou despercebido por muita gente: A Medida Provisória 1018/2021. Essa medida garantiu que várias emissoras passassem a fazer parte do pacote obrigatório das TVs a cabo e por satélite. incluindo emissoras que recebem concessão de uma frequência pública e alugam para igrejas evangélicas algo que deveria ser usado a benefício da população.

Essa medida provisória, aliás, se tornou lei em tempo recorde. A MP foi sancionada por pressão do ministro das comunicações em maio/21 e se tornou lei em junho/21. Entre o recebimento do projeto e a votação se passaram apenas 5 dias. No dia da sanção da MP, Tolentino estava em Brasília e deu uma entrevista para seu próprio canal a respeito do assunto. Lembrem-se que esse salafrário está pegando algo público e alugando para igrejas. E agora, sem precisar pagar para passar nas TVs a cabo.

A linha do tempo fica assim: em janeiro Tolentino e Barros fazem uma visita oficial no Ministério das Comunicações. Em maio, Faria, Ministro das Comunicações, faz pressão para que Bolsonaro sancione a MP. ( https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/07/ministro-derruba-veto-de-bolsonaro-e-beneficia-igrejas-aliadas-em-tv-a-cabo.shtml)

Em junho, a MP se torna lei em tempo recorde. Em julho, no evento da sanção da capitalização da Eletrobrás, Bolsonaro, Barros e Tolentino são fotografados proseando, e essa foto foi divulgada pelo próprio Barros. Será que restam dúvidas sobre o assunto da reunião em janeiro?

Tudo isso girando em torno de um corrupto confesso (Já que devolveu dinheiro de propina) que tem como uma de suas atividades captar um recurso público e alugar para igrejas evangélicas. Lembrando que ele também usa laranjas nas emissoras para poder ter mais de uma emissora.

Continua...

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